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Bye bye, CES…

Cheguei à conclusão que tecnologia boa é tecnologia implementada. São os processos que quando mal executados inviabilizam nossa evolução, não a falta de tecnologia


13 de janeiro de 2020 - 13h02

(Crédito: Mantas Hesthaven/Unsplash)

A CES é realmente incrível: dá para sonhar, discutir, aprender, viajar no tempo. Mas é também intensa, seja pela quantidade de pessoas e temas, seja pelo efeito FOMO (da sigla em inglês, “medo de ficar de fora”): você vai a uma palestra sobre o futuro do blockchain e automaticamente não fica sabendo sobre o que está acontecendo em realidade virtual.

Na Conferência foram centenas (talvez milhares) de palestras e discussões sobre 5G, IoT (Internet das Coisas), cidades inteligentes, mobilidade, inteligência artificial (IA) e por aí vai. E o mais interessante, aplicados a toda e qualquer indústria, da agricultura aos bancos, da saúde à exploração do Espaço. Já a exposição, a feira em si, parecia uma grande cidade, ou shopping de inovações, espalhados por 279 mil metros quadrados, quase 40 campos de futebol. Foram carros autônomos, casas conectadas, robôs, drones, televisores gigantes, impressoras 3D … até capinhas de celulares.

A essa altura você já deve ter visto ou ouvido falar da maioria dos projetos futuristas e dos grandes lançamentos: o belíssimo Vision AVTR, o táxi voador que usa hélices de drones, as infinitas opções de telas de TV (8K, dobráveis, giráveis, enroláveis) e até mesmo a fralda inteligente. Uma coisa ficou clara: as fronteiras entre indústrias estão menos delimitadas quando vemos empresas trazendo inovações fora de seu negócio: as linha marrom lançando carros, montadoras investindo em drones, empresas de hardware migrando para software. Mas talvez exista um caminho até mais eficiente para a inovação, que é o da colaboração, como bem explorou meu colega Gustavo Pena. Colaborar permite que empresas possam inovar em seu core business sem perder foco e, ao mesmo tempo, acessar capacidades de outras empresas que sejam experientes no que lhes falta para executar seus projetos.

Uma preocupação comum a quase todos os debates foi o desafio de implementação das novas tecnologias. O lançamento do 5G, por exemplo, marca um momento histórico em que a viabilidade econômica das redes não dependerá do consumidor final, mas, sim, de outras empresas que tenham casos de uso concretos e rentáveis para IoT. Já os projetos de mobilidade não poderão avançar sem colaboração e alinhamento entre prioridades dos setores privado e público (não à toa o governo esteve fortemente representado nas discussões, até a Nasa esteve lá). Enquanto alguns se animavam com os avanços, outros comentavam “temos que tomar cuidado para que essa inovação não vire um brinquedinho caro para os ricos apenas”.

Voltar desse mundo dos sonhos também foi uma reflexão importante. Foi chegar no aeroporto de Las Vegas para pegar o voo de volta que dei de cara com a realidade: tira o sapato, tira o cinto, tira o casaco. Computador fora da mochila. Água no lixo. Todo mundo gritando. Onde está a experiência mágica? E o fim da fricção? Onde está a personalização? Cheguei à conclusão que tecnologia boa é tecnologia implementada. São os processos que quando mal executados inviabilizam nossa evolução, não a falta de tecnologia. E pensando nos problemas de hoje, vemos que ainda há muita tecnologia subaproveitada. Muito se falou do quanto machine learning, AR/VR (realidade aumentada e realidade virtual), robótica e 5G permitirão uma maior personalização da oferta. Mas hoje estamos fazendo personalização com as tecnologias já existentes em todo seu potencial?

O problema não parece não ser falta de tecnologia, mas sim um tropeço em cultura, em silos organizacionais, processos e incentivos desalinhados. Por isso gostaria de deixar dois convites para você: o primeiro é que você repense quais tecnologias de hoje poderia já usar em seu negócio. O segundo é que, se você nunca foi à CES, não deixe de ir. Você vai enfrentar trânsito, dificuldades para conectar seu celular e disputar um lugar para sentar com 200 mil visitantes. Mas ela vale cada minuto; é uma oportunidade única para sonhar e imaginar um futuro mais saudável e sustentável.

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