O que a CES apresenta sobre cenários futuros?
Com um turbilhão de coisas diferentes para ver, ouvir e sentir, a White Rabbit fez uma curadoria dos aprendizados da edição 2020 da Consumer Electronics Show
Com um turbilhão de coisas diferentes para ver, ouvir e sentir, a White Rabbit fez uma curadoria dos aprendizados da edição 2020 da Consumer Electronics Show
16 de janeiro de 2020 - 6h41
Você que segue a cobertura do CES viu a inundação de keynotes, ativações de marcas e produtos do evento mais relevante para descoberta de novos gadgets inovadores do mundo. Mas o que isso significa na vida real?
E o CES foi a primeira parada do ano do Decoding Innovation Festivals, uma plataforma de curadoria dos principais festivais de inovação do Brasil e do Mundo. Com um turbilhão de coisas diferentes para ver, ouvir e sentir, a White Rabbit fez uma curadoria dos aprendizados do CES 2020. Aqui estão as principais tendências que foram mapeadas no festival e que nos oferecem um pequeno vislumbre dos cenários futuros que governos e empresas pretendem construir.
1. FIC FUTURES: a ficção inspirando a tecnologia
Amada pela comunidade de desenvolvedores, foi impossível não perceber as inspirações diretas e indiretas que a ficção científica deu para os gadgets do CES. A relação entre como narrativas ficcionais influenciam a construção de novas tecnologias já é uma velha conhecida, porém, esse vínculo apareceu com força no show floor. Fosse através de parcerias com cineastas ou apenas expressando a vontade de viver seus mundos fictícios, os tecnologistas mostraram que estão dispostos a investir intelecto e capital para verdadeiramente transformar ficção em realidade.
Um dos cases mais interessantes foi tão rápido que muitos quase perderam! Participantes e curiosos puderam vislumbrar pelas ruas de Las Vegas um carro bem diferente do que temos em mente. O AVTR (sigla para advanced vision transportation, mas também referência para o filme de ficção científica Avatar) é um conceito autônomo da Mercedes-Benz criado em parceria com o diretor hollywoodiano James Cameron. O carro tem visual estético (bastante!) futurista, podendo se movimentar horizontalmente através de um controle que detecta até o batimento cardíaco do seu motorista. É a evolução do veículo para um espaço de experiência imersiva.
2. MEANINGFUL TECH: facilitando conexões, saúde e sustentabilidade
Ainda muito relacionada a adjetivos como eficiência, controle e produção, a tecnologia começa a ser construída a partir de princípios mais “humanizados” e integrados com o cotidiano de seus usuários. Passa-se da necessidade de aprendermos a linguagem tecnológica para uma tecnologia que entende as diferentes formas de expressão humana. Facilitadora e cada vez mais invisível, as novas tecnologias se propõem a simplificar complexidades, realçar a saúde e entrelaçar-se com a natureza. Um dos gadgets que mais chamou a atenção no CES foi o Rainforest Connection (RFCx). Ele cria sistemas de monitoramento acústico para aqueles que desejam acabar com o desmatamento ilegal em tempo real utilizando celulares reciclados.
3. DIGI-REAL: convertendo a realidade em dados
Primeiro foi o texto. Depois imagens. Músicas. DNA. Hoje em dia, parece que não há elemento da realidade que não possa ser transformado em bits e bytes. Novos scanners, processadores, câmeras e mineradores passam a transformar qualquer elemento e relação em algo computável, quantificável e compreendido por uma máquina. Isso abre um universo de possibilidades para compreender um virtual que é idêntico ao real.
Este ano uma das grandes conversas foi sobre o Neon, projeto do Star Labs da Samsung que fez o debut de seu “humano artificial”. Pranav Mistry, CEO dos laboratórios se apresentou na frente de uma linha de avatares digitais para apresentar o Neon, um assistente projetado para parecer, falar e agir como nós, seres humanos reais. Ao contrário de Alexas e Siris, os Neons não foram projetados para serem fontes de conhecimento sem fim, mas será implementado para algumas tarefas específicas. Quer aprender a tocar piano? Talvez seu avatar possa te ensinar.
4. INTERNET OF THINKS: interação entre mente, cérebro e máquina
As recentes descobertas da neurociência e o barateamento de sistemas que possibilitam a interação entre cérebro e máquina nos mostraram diversas interfaces que literalmente são controladas por pensamentos. Além disso, meditação e o mindfulness encontram acessórios que auxiliam pessoas a organizarem a mente em um mundo com tanto caos e informação. O Core não foi o grande vencedor da categoria de Health & Wellness, mas recebeu uma menção honrosa. Ele é o primeiro treinador de meditação portátil do mundo e combina meditação tátil que você pode sentir com uma experiência de aplicativo elevada. Durante a meditação, o Core emparelha curadoria de áudio com feedback háptico para imergir completamente você enquanto guia sua respiração e foco. Demais né? E enquanto você treina, ele mede os dados do coração para dar feedback sobre níveis de calma e foco.
5. WOVEN URBANS: desenvolvimento de cidades digitais
O termo “Smart Cities” refere-se à uma cidade que utiliza de IoT de forma massificada em seus serviços urbanos. Porém, mais do que a utilização de tecnologias conectados, as cidades mais desenvolvidas estão incorporando também elementos da cultura digital na construção de espaços mais gentis para seus cidadãos. Interconexão, parcerias públicos-privadas e incentivo à inovação mostram que as megacities podem ganhar mais força política e econômica que seus próprios países. Além de mostrar uma aeronave em tamanho real e interativa no show floor, participantes do CES podiam ver como irá funcionar o serviço Uber Elevate utilizando óculos de realidade virtual. Este novo serviço, fruto de uma parceria da Uber com a Hyundai, prevê uma infraestrutura de mobilidade urbana bem diferente do que temos hoje, utilizando táxis aéreos elétricos e -futuramente- autônomos. A Hyundai produzirá as aeronaves enquanto a Uber desenvolve a interface com os usuários do serviço. O táxi aéreo, que se assemelha muito com um drone gigante e consegue decolar de forma vertical, já tem testes previstos para esse ano. Durante a experiência em realidade virtual, o serviço mostrava o potencial para agilizar viagens entre e intra grandes centros urbanos.
6. UBIQUITOUS SMARTIFICIAL: o impacto global de I.A
O impacto global da lógica trazida pela inteligência artificial parece alcançar todo e qualquer device. Há uma proliferação de artigos “smart” ou “intelligent”. Independente do termo escolhido, a lição é clara: já passamos da fase no qual IA traz apenas novidades incrementais. As mudanças são exponenciais, e a presença de assistentes e algoritmos tece a estrutura social do século XXI. A Kohler – uma das maiores fabricantes de louças e metais do mundo – apresentou no CES seu vaso inteligente Numi 2.0. A peça oferece experiências personalizadas que permitem que os usuários ajustem cada aspecto de sua experiência de acordo com sua preferência exata, desde iluminação colorida ambiente, capacidade de sincronização de música sem fio Bluetooth, até o assento aquecido. O Numi 2.0 oferece controle sem as mãos, funcionalidade de limpeza personalizada e excepcional eficiência da água. Já imaginou ter uma experiência diferente no banheiro?
7. (T)ETHICS: controvérsias sobre privacidade e diversidade
Por muito tempo acreditou-se que a tecnologia era neutra ou que as inovações pudessem trazer apenas benefícios para a humanidade. Hoje em dia, já se sabe que existem diversos dilemas éticos e controvérsias no desenvolvimento de tecnologias, principalmente àquelas que de alguma maneira discriminam pessoas ou praticam alguma forma de vigilância. Pelos próximos anos a discussão tende a se acirrar, ao passo que legisladores e cidadãos compreendem o impacto dessa automatização massiva em suas vidas.
Uma das empresas que impressionou com sua tecnologia foi a Vayyar. A empresa é líder em soluções de radar altamente avançadas, sendo responsável pela criação de sensores inteligentes. Um dos modelos levados ao CES foi uma câmera que consegue identificar os movimentos (andar, sentar, ficar parado) de várias pessoas simultaneamente, sem ter uma camada de captura da imagem. A ideia é suavizar esse movimento, utilizando hardware ou outros tipos de reconhecimentos e sensores, dificultando a alimentação de dispositivos de reconhecimento facial e protegendo a imagem (e os dados) das pessoas.
Impressionado com a quantidade de cases e tendências que acompanhamos? Para os que são ávidos por novidades e gostam de se conectar com a indústria de tecnologia, o CES é um dos melhores lugares. Mas essa foi só a primeira parada do projeto Decoding Innovation Festivals. Nos próximos meses vamos continuar acompanhando os principais festivais de inovação e tecnologia do Brasil e do mundo, trazendo nossa curadoria de aprendizados e tendências.
Nos vemos no MWC, em Fevereiro!
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